Janela Imunológica – Perigo Real O LIAC Central Sorológica vem trabalhando oficialmente com Biologia Molecular (NAT) para triagem

O LIAC Central Sorológica vem trabalhando oficialmente com Biologia Molecular (NAT) para triagem de doadores desde de 2007. Inicialmente utilizávamos o sistema “IN HOUSE” desenvolvido no próprio LIAC, este tinha a capacidade de detectar os Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e os Vírus da Hepatite C (HCV). Após 2010 começamos a utilizar o sistema Cobas S201- Roche, sistema automatizado capaz de detectar além do HIV 1-2, o HCV e o Vírus da Hepatite B (HBV).

O principal objetivo do NAT é reduzir o tempo de detecção dos vírus e com isso diminuir o risco residual mínimo de um sangue doado capaz de conter um patógeno infectante. Quando comparamos o risco residual mínimo no Brasil com países desenvolvidos como EUA, Alemanha, Japão e Austrália, observamos que ainda apresentamos altos índices em relação a estes países. (Petry e Kupek, 2014)
O sistema de Triagem Molecular do LIAC, já foi capaz de detectar 8 casos de janela imunológica ou seja, testes com triagem sorológica negativa mas com NAT positivo. A seguir, descrevemos brevemente estes casos ilustrando a importância da utilização deste sistema na triagem de doadores.

Detecção de HIV
O HIV é uma partícula esférica, que mede de 100 a 120 nm de diâmetro, pertencente ao gênero Lentivirinae e família Retroviridae, apresentando em seu núcleo duas cópias de RNA de cadeia simples, encapsuladas por uma camada proteica ou núcleo-capsídeo, capsídeo e um envelope externo composto por uma bicamada fosfolipídica. O genoma do HIV inclui três principais genes que codificam as proteínas estruturais e enzimas virais: gag, env e pol. A nomenclatura das proteínas virais utiliza a abreviação “gp” para glicoproteína ou “p” para proteína, seguida de um número que indica o peso molecular em kilodaltons (kd). (Miller et al., 2010)

Fig 1- Estrutura do HIV

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Em média, os testes sorológicos de última geração conseguem detectar a presença do HIV a partir de 22 dias após a infecção, quando utilizamos o NAT este período diminui para aproximadamente 11 dias.
Fig 2. Marcadores da infecção pelo HIV na corrente sanguínea de acordo com o período que surgem após a infecção, seu desaparecimento ou manutenção ao longo do tempo.

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Detecção de HCV
HCV pertence a ordem Nidovirales, família Flaviriridae, do gênero Hepacivirus. O genoma é constituído de uma molécula de RNA fita simples com aproximadamente 9500 nucleotídeos. As partículas virais possuem cerca de 50mm de diâmetro e consistem em um envelope derivado da membrana do hospedeiro que contém as glicoproteínas E1 e E2 envolvendo o nucleocapsídeo. (Sachdev e Marwaha, 2014)
Fig. 2 Estrutura do HCV

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Utilizando ensaios sorológicos de terceira geração, a média da janela imunológica para HCV fica em torno de 66 dias pós infecção, quando utiliza-se o NAT a redução da janela imunológica é drástica, podendo chegar a 8 dias. (Marwaha e Sachdeve, 2014)
A figura 3 representa a presença dos marcadores durante a infecção pelo HCV.

Fig 3: Marcadores durante a infecção pelo HCV

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Detecção de HBV
O HBV pertence à família Hepadnaviridae , do gênero Orthohepadnavirus. O HBV possui um mecanismo único entre os vírus que infectam o homem que permite a produção de diferentes tipos de partículas virais. A concentração de partículas virais completas no soro de pessoas infectadas pode ultrapassar a concentração de 109/mL.
As partículas virais são esféricas, com diâmetro de aproximadamente 42mm apresentando um envelope lipoproteico, composto pelas proteínas virais S (small) M (middle) e L (large), as quais constituem o HBsAg e lipídios oriundos da membrana celular. O nucleocapsídeo possui simetria icosaédrica e é constituído pela proteína do core (HBcAg) e pelo genoma viral.

Fig 4: Estrutura do HBV

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Dada a complexidade do diagnóstico do HBV, diversos marcadores podem ser utilizados para sua detecção. O intuito destes, é detectar as diferentes fases do estágio de infecção (Fig 5). O LIAC trabalha com os 2 marcadores sorológicos obrigatórios para triagem de doadores, mais o NAT para HBV. Entre os dois marcadores sorológicos estão o ensaio capaz de detectar o antígeno de superfície HBs, o qual é considerado o marcador sorológico que indica estágio de replicação viral e o Anti-HBc que indica que já houve contato com o vírus. (Kiely et al, 2014)
A utilização do NAT para detecção do HBV além de ser capaz de reduzir a janela imunológica de 60 dias para 10 dias aproximadamente, também é importante na detecção da Hepatite B oculta, que se caracteriza por uma forma de infecção crônica onde o HBsAg não é detectável e os níveis de HBV DNA são baixos. (Kiely et al, 2014)

Fig 5: Marcadores durante a infecção pelo HCV

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Resumo dos Casos

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Referências Bibliográficas

KUPEK E., PETRY A. Changes in the prevalence, incidence and residual risk for HIV and hepatitits C virus in Southern Brazilian blood donors since the implementeation of NAT screening. Worl Journol of Gastroenterology (2014)
Manual Técnico para HIV, 2013. Ministério da Saúde.
MILLER, L. E. Laboratory Diagnosis of HIV Infection. In: STEVENS, C.D. Clinical immunology and serology: a laboratory perspective. Philadelphia: F.A. Davis Company, 2010. 476 p. 3. ed.
MARWAHA N., SACHDEV S. Current Testing strategies for hepatitis C virus infection in blood donors and the way forward (2014)- 20(11): 2948-2954 .
HOWARD C. R. The Biology of Hepadnaviruses. (1986) Journal of General Virology

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